domingo, 29 de julho de 2012

Faz um tempinho que não apareço, mas continuando com a série "nostalgia" (nos dois sentidos que possa haver) enquanto revirava meus papéis antigos e folhas de caderno de escola em busca do ultimo texto que publiquei, encontrei esse daqui...
Escrevi ainda em 2008 no auge da minha adolescência poética. É bem fantástico, do tipo um tanto exagerado na forma de expressão, mas ainda assim gosto porque por mais que tente ser o contrário, eu sou assim mesmo, fantasiosa, exagerada e clichê!


Eu sempre gostei de ler, consequentemente passei a gostar de escrever. Quando pequena me perdia nas histórias dos almanaques e gibis, com o tempo passei a ler os romances adolescentes, hoje adoro poemas e contos de suspense.
É verdade que a minha frequência de leitura diminuiu bastante e, junto com isso, um extenso vocabulário. Existem coisas que você faz bem, existem outras que você faz por puro prazer. Escrever para mim se encaixa na segunda opção.
Não escrevo para alguém ler e até hoje poucas foram as pessoas que leram alguns dos meus textos. Escrevo para passar o tempo, para eternizar os bons momentos, para descarregar as raivas. Escrevo como quem escreve para um amante, nas escondidas e sabendo que nem sempre receberá uma resposta.
As palavras me fascinam. A forma como elas podem intrigar, arruinar, entristecer. Mas também a forma como elas podem encantar, silenciar, solucionar. Uma mesma palavra ora pode trazer felicidade ora tristeza, pode construir e destruir.
Um poeta sabe transformar simples frases em declarações eternas de amor. Em nosso dia-a-dia fazemos delas um meio de comunicação simples, apenas útil.
As palavras foram feitas para música, os poemas, os enamorados e os sonhadores. Aqueles que ousam, que fazem de um sentimento uma explosão de ideias coloridas que limitam o infinito. Ser ousado é não ter medo de tentar, de por um instante até errar e nas palavras se eternizar. 
[11.02.2008]



Talvez agora deva retirar o "não escrevo para alguém ler", mas ao menos eu o fazia sim.

Bom finzinho de domingo e ótimo início de semana a todos.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

 "eu ando em frente pra sentir saudade...."


Das discussões no facebook (clica aqui) é assim que, por hora, ficamos resolvidos com o tema "saudade".


"Moldamos o termo pra acomodar o universo de ambiguidades que nossa específica relação com o tempo pode transmitir."

(Vancarder Brito*)



*Ou, em seu pseudônimo: Dave Bowman.

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Para o bem ou para o mal?

 Foto: Ricardo Oliveira

                Sau.da.de: 1. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente ou coisa distante que deseja voltar a ver ou possuir; 2. Nostalgia.
      Parei para pensar nessa palavra curiosa e um tanto intrigante que apenas encontramos na Língua Portuguesa.

    Saudade.

                Sau-da-de.

                S a u d a d e .

Breve, de fonética e ortografia simples. Então acho que deve ser uma palavra simples. Não, na verdade não é bem assim. Pelo menos eu diria que não semanticamente. Veja só, para se ter saudade deve haver ausência e para haver ausência algum dia se teve presença. Não podemos sentir falta de algo que nunca tivemos. O ponto é: trata-se de um sentimento bom ou ruim?
Ninguém gosta de sentir saudade. O ser humano não gosta de perder e quando não temos o mais almejado por perto temos a sensação de perda, como se estivesse faltando algo e isso NÃO É BOM.
Todo mundo gosta de sentir saudade. O ser humano gosta de colecionar bons momentos e quando eles passam nossa memória seletiva logo se encarrega de relembrar. Ficamos com aquele sorriso no canto da boca e isso NÃO É RUIM.
Viu!? Eu disse, no mínimo intrigante. Dizem que brasileiro gosta de descomplicar e para tudo existe o tal “jeitinho brasileiro”. Nesse caso acho que foi o contrário, complicou tudo.
Não sei mais nada a respeito disso. Sei apenas uma coisa: estou com saudades. Muitas saudades. Gigantescas saudades.

De alguém.

De Você.

segunda-feira, 16 de julho de 2012


 Ética e religião, prescindível?

Estou recomeçando a ler um livro intitulado “Ética Prática” (Ética Prática, Peter Singer – 3º Ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2002) pelo menos pela quinta vez (sim eu sou daquelas que começa a ler e nunca termina) e o primeiro capítulo do livro aborda o que, para o autor, não vem a ser ética. O terceiro tópico da discussão fala sobre ética “não ser algo inteligível somente no contexto da religião”.
A minha intenção não será me aprofundar demais nisso, até por que seria necessário escrever um livro inteiro apenas para começar a abordar esse tema. Gostaria apenas de fazer algumas considerações a partir do que foi citado pelo autor.
Ele cita que a ideia tradicional que faz ligação entre a religião e a ética está relacionada ao fato de se pensar que a religião oferecia uma razão para fazer o que é certo: a compensação dos virtuosos com a eternidade de bem-aventurança e a condenação dos demais para queimar no inferno.
Esse comportamento pode ser observado desde a Idade Média quando a Igreja cobrava do povo as indulgências que lhes garantiam um lugar no céu. Logo, as pessoas faziam de tudo o que estava ao seu alcance para aumentar seu galardão e se certificarem que não iriam para o inferno. Foi esse mesmo tipo de motivação, somado a sede de poder, que levou muita gente, ainda nesse período, a sustentar guerras e assassinar pessoas “em nome de Deus”- falo do que viria a ser as Cruzadas. Atualmente, frases de efeito como “Pare de sofrer, você não nasceu para isso” ou “Cobre de Deus aquilo que é seu por direito” podem ser repetidamente ouvidas em púlpitos que pregam a disseminada Teologia da Prosperidade. Nela, você é direcionado a aceitar Jesus por que depois disso todo sofrimento acabará e todos os seus negócios serão prósperos, afinal, agora você é filho de Deus e não há espaço para menos do que isso.
O que citei até aqui são fatos extremamente conhecidos na mídia e nos livros de história que exemplificam o que vem a ser as motivações oferecidas pela religião tradicional. Mas essa não deve ser encarada como a única versão dos fatos. Durante algum tempo condenei fielmente pessoas que impulsionadas por motivações erradas conseguiam colocar todo um ideal a perder, levando a passar conceitos totalmente deturpados da essência daquilo que elas diziam acreditar.
Foi quando parei para reparar em outros tipos de ideais os quais as pessoas estão dispostas a defender. Comecei a me interessar por textos políticos. Discussões homéricas giram em torno desse assunto, mas de maneira simplificada a relação que fiz durante esse tempo foi que, apesar de toda corrupção e bandidagem que rola nesse meio, eu não posso taxar todos os políticos de ladrões e condenar toda forma de se fazer política por que a maioria é idiota. Sim, idiota. Assim como, perdoem-me amigos pastores, os campeões de audiência nos noticiários são as blasfêmias ditas e atrocidades cometidas por boa parte dessa classe. Eu não vou entrar nesse mérito, as pessoas dizem para nunca discutir sobre política, religião e mulheres. Quem sabe no próximo post eu não fale sobre a marcha das vadias?
Eu deixei de querer condenar o todo por que a maioria pode não prestar. Nem todos os pensadores religiosos agiram dessa forma. Immanuel Kant, conhecido filósofo cristão, zombava de tudo que lhe cheirasse a obediência a um código moral por interesse próprio. Devemos obedecer-lhe, dizia Kant, por seus próprios méritos e não precisamos ser kantianos para rejeitar as motivações da religião tradicional.
Por esse motivo, concordo com Singer quando ele fala “o comportamento ético não exige crença no céu e no inferno”. No final, não precisa ser um gênio para ser chegar a essa conclusão.
Platão discutiu ainda no século V a.C. que algo é bom e por isso Deus aprova e não é o fato de Deus aprovar que torna alguma atitude boa. Sem querer discutir os fundamentos desse argumento, mas apenas pegando esse gancho, o que eu quero dizer é: se ser ético for fazer o que é bom, então procure isso. Nesse contexto consequencialista, determinar o conceito do que é bom pode estar diretamente ligado a sua crença religiosa. Para um cristão, a aprovação de Deus é algo que os motiva e sendo assim, a aprovação divina deve ser a motivação e a consequência de uma atitude.
Não se deve resolver acreditar em Deus por medo da morte, para arrumar um namorado ou por achar que isso o fará melhorar de vida. Doce ilusão. Se acreditar em Deus fosse isso eu conheço muita gente que já estaria casada e com uma cobertura em Miami.
Cristão ou não cristão, na existência ou não de deuses, com ou sem inferno, agir de maneira ética é em primeiro lugar colocar o egoísmo de lado e pensar além de si mesmo, levando em consideração questões que vão além de você, do céu e do inferno.


domingo, 15 de julho de 2012

Aleatório

Efêmero, perecível... quase tudo o é. Difícil é se encontrar com o eterno, nele permanecer.

A beleza de pedir perdão e ser perdoado.
O paradoxo do encontro durante a despedida.
O afeto da xícara de café, fatia de bolo e alguns afagos.
A paz de uma conversa sobre um passado dolorido.
O calor de um projeto em nascimento.

Frases soltas, versos tortos.
Cabeça a mil, fim de domingo.

Passe a tempestade, chegue logo a primavera.

O eterno será sempre. O resto é correr atrás do vento.

Vita Brevis.

 

sexta-feira, 13 de julho de 2012


Sentada em um dos bancos de uma praça no centro da cidade, meu primeiro encontro com Dona Francisca e sua amiga, Dona Rosa. A primeira me propôs leitura de mãos, aquela revelação de que deveria haver um amor em minha vida e que tenho muito sonhos. Bom, pelo menos quem leus meus últimos posts sabe que ao menos na segunda revelação ela soube ser certeira.
Eu deixei de me preocupar tanto com isso, digo, com o futuro. Alguns dizem que ele a Deus pertence, outros acreditam que o nosso destino a gente é quem faz. A quem diga que na verdade isso não existe, mas que todas as possibilidades estão acontecendo, o tempo todo, em diferentes planos.
É interessante observar pessoas. Eu me pego fazendo isso algumas vezes. Percebi, nesses meus momentos de nada para fazer em que fiquei olhando a vida alheia, diferentes maneiras como as pessoas levam suas vidas.
Tem gente para tudo, isso não é nenhuma novidade. Jovem costuma pensar muito em como vai ser sua vida depois dos 30, ah, os famosos 30 anos. Não há problema em querer imaginar como raios será daqui a 10 anos, mas desses, vi aqueles que gastam tanto tempo nisso que acabam esquecendo o presente. A vida vai estar muito diferente? Será que vou ter o mesmo corte de cabelo? Já estarei casado? Filhos? Pensão? Tatuagens no corpo? Ainda vou chorar em comercial de margarina? Eita! Pare um pouco, respira aí. Parece engraçado, mas muita gente realmente faz isso.  Esquece que para se chegar lá tem que estar focado no hoje e não sonhando com o amanhã.
Mais interessante é a reação daqueles decidiram simplesmente não pensar. Evitar toda essa ansiedade que resolveu atacar quase todo mundo hoje em dia. Nada. Branco. Vácuo. Quero dizer, focar no que está acontecendo e aproveitar tudo o que a vida pode me dar de bom agora e deixar para pensar no futuro quando ele chegar. O problema é que pensando assim para essas pessoas ele nunca chegará e quando puxarem o tapete não haverá nada em baixo em que se apoiar.
Para aqueles que já passaram dessas fases as preocupações com relação ao futuro são diferentes. Aí eu observei outras formas de agir. A grande maioria ou está muito satisfeita ou muito desenganada com a vida que teve até então. Os satisfeitos tratam de esperar a tranquilidade dos anos que virão e os desenganados também, mas os sentimentos que carregam no coração são bem distintos. Existem aqueles que, ao contrário, resolveram viver a juventude que lhe foi negada e então consegui identificar nesses a euforia dos jovens afobados.
Esse sempre é um tema que gera muita reflexão e, claro, disso tudo que conclui durante esses meus devaneios a respeito da vida obviamente existe muito mais. Seja como for, futuro distante, futuro perto, futuro sonhado, futuro rejeitado, futuro que bate a porta, futuro negado, futuro silenciado. São tantas formas que prefiro descansar e pensar que o adjetivo deva ser melhor. Um futuro melhor, para mim, para quem for.
Na saída da praça avistei Dona Francisca e ela fazia revelações a outra moça, penso ter escutado algo sobre amores. Dona Rosa sua amiga, me cumprimentou dizendo que ainda nos falaríamos outra vez e que, dessa vez, eu teria muito para contar. Espero curiosa meu segundo encontro com essas duas senhoras. Senhoras do parque, senhoras do tempo.


Senhoras do tempo: Parque Solon de Lucena, João Pessoa - PB. Foto: Juliana Seravalli
                                                            

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Acho que já deve estar na hora de eu deixar a insegurança e a vergonha de lado e começar a por minhas ideias e opinões pra fora...


Let's go!

quarta-feira, 4 de julho de 2012



Eu sou feita de sonhos. Gosto de voar bem alto imaginando estar em busca daqueles que ficam por entre nuvens brancas cor de gelo.
Ser sonhadora tem suas vantagens. Enquanto muitos passam dias conectados a certo tipo de máquina que suga suas energias e as transforma num trabalho que já se tornou previsível, eu consigo parar e projetar qual será o próximo feito do homem após descobrir que, afinal, existe vida inteligente em Marte. Eu quero dizer, sair de dentro da fábrica de produção em série e entrar naquele mundo paralelo, onde eu posso alcançar o meu pote de ouro seja ele qual for.
Ser sonhadora tem suas desvantagens. Enquanto os realistas convictos correm atrás de cumprir suas metas e estabelecer novos objetivos, eu continuo pensando sobre a vida em Marte. Isso não será ruim se eu estiver na equipe que fez a descoberta, porém, eu tenho que lembrar de aterrizar constantemente para saber que o chão existe e a realidade mora logo ali.
Vivemos num mundo onde tudo acontece rápido demais. A informação chega em um segundo, as crianças estão precoces, o casamento começa cedo. E acaba cedo também. Daí que me pergunto se não seria melhor permanecer no meu mundo de sonhos onde, como na história, vive-se com os pés descalços tocando um chão macio feito veludo, tudo vira festa e as pessoas caminham sorrindo. Aí seria demais, certo!?
Bom, se viver é a busca pelo equilíbrio, eu quero chegar ao dia em que mesmo sem voar tão alto, eu não precise mais voltar os pés ao chão.

domingo, 1 de julho de 2012


Era menina simples, com olhar curioso e mãos inquietas. Podia ficar um dia inteiro observando o trabalho de formigas cortadeiras. Não conseguia ficar um minuto no mesmo lugar sem estar incomodada com a quietude do lugar. Era ambígua, paradoxa, complexa.
Era moça viva, cheia de ideias na cabeça. Parecia não caber em si, um mundo tão grande que carregava no peito. O mundo e tudo dentro dele. Fazia questão do “tudo dentro dele”. Era importante, o recheio sempre é a parte mais gostosa do bombom de chocolate, seus amigos concordavam com ela.
Era senhora e teria o sorriso cansado, mas espírito satisfeito. Aquela sensação boa de chegar em casa, tirar os sapatos, afundar no sofá e apenas fechar os olhos se permitindo não pensar em nada. Quer dizer, em quase nada. Nada era muito para ela, sempre paradoxa.
Era senhora e estaria rodeada de gente, rodeada de lugares, rodeada de aromas, rodeada de sensações. Envolta por muito, a procura de algo.
Era senhora e já não se importaria. As coisas estariam fora do lugar, sem sinal da menina ou da moça. O barulho do relógio ainda a incomodaria, mas, seria trabalhoso demais levantar, aproximar, desligar. “Deixa pra lá, como está, assim, não tem mais jeito” – pensaria.
O branco do papel ofusca a vista no quarto que já começa a ficar escuro. Parece uma bola de cristal reluzente. Como nem tudo que parece é, melhor deixar escuro.
Bem escuro.