quinta-feira, 21 de junho de 2012


 De sons e tempos


Dos muros de uma cidade de desencontros e feridas abertas a vida parece zombar do momento que parecia que enfim, o finalmente havia chegado. 

Dum céu cinzento, do gelado, da chuva de um dia desse jeito, um sorriso que, ao contrário, o prismático, o caloroso, o luminoso. 

Foi-se. 

Fez-se saudade.

Criou-se um momento, de uma eternidade, digo, daquelas lembranças.

Das coisas da vida, algumas são de não se esquecer. Do amor, da risada, do afago, do prazer, de um instante qualquer, sim, mesmo do qualquer. E de todos os outros.

Pense, respire, grite, quebre, chore, brigue, revolte, pare. 

Pare. 

Escute. Encontre o sussurro. “Deixe disso”, diria. “Melhore”, completaria.

Como um verso, parte de um poema cortado ao meio. O fim, à espera. 

Espera de um recomeço. 

Dos muros de uma cidade de possibilidades e cicatrizes que se formariam.

Dum céu que se abre num azul ainda tímido, mas revelador de força, de coragem, de esperança.

Ergue-se uma cidade de ruínas.

É então novo dia.

Ergue [-te].


[TPS]