domingo, 27 de abril de 2014

O que o boteco me mostrou



Almoço de boteco descendo com aquela gelada que só se encontra nasqueles botecos. Naqueles botecos, não naqueles outros de esquina com o restaurante onde a magia acontece. A real magia acontecia na negociação da feira livre, na buzina aguda do cruzamento de trânsito, na fritura do croquete e do pastel, no pão de queijo que nem mineiro consegue reproduzir na terra do tio Sã.

Respiro fundo e sinto o aroma da cidade.

Estou de volta. Cheguei sem data para ir ou mesmo para ficar. Voltei com certezas estabelecidas e completamente renovada daquilo que havia ficado para trás.

Estou de volta. Cheguei querendo ficar e já pensando na próxima saída. Voltei transbordada de amor e sem reconhecer os medos do passado.

Criei novos medos. Quem não tem medo? Gostoso mesmo é superar antigos para poder ter outros e assim seguir na vida. Aquele ciclo vicioso que, nesse caso particular, não é degenerativo: te ajuda a crescer.

Voltei. E não voltei. Parte da gente nunca volta, pelo menos metade sempre fica nos amigos que fazemos, nos amores que vivemos, nas casas que frenquentamos ou na família que criamos. A gente volta pela metade, mas existe uma vantagem. Temos agora uma outra metade inteira esperando para ser preenchida pelo próximo amigo, amor, casa ou família que faremos.

Voltei. Estou em casa novamente e será sempre aqui que conseguirei ser sensível a flor da pele sem nenhum pudor. Escrever contos que só eu entendo com trechos que talvez um ou dois "alguéns" reconheça.

Voltei. Como é bom me ver de novo. Seja bem vinda, a casa é sua!

Um comentário:

  1. "Voltei. E não voltei. Parte da gente nunca volta". Uma dessas frase que fazem ganhar o dia. O que se tornou a parte que retorna é uma perguntar sempre em aberto, enquanto seguimos deixando mais de nós mesmos pelo caminho.

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